domingo, 25 de março de 2012

nas cavidades da luz e do intenso breu


No vale dos morcegos dourados mora ela e eu, ela e suas pernas-flores-de-cerejeiras, seus olhos "paixão de joana d'ark", artaud e meus dez glifos encantados. Tomava uma porção de ninfas, uma porção de cavalos marinhos, uma porção de aves do paraíso...

Sentado numa raiz, numa pedra enorme, no meio da montanha, no meio de nós, no meio de todos. Morria de rir, nascia de rir, nos grãos da neve, nas bolotas do carvalho, no mirante coberto de estrelas alucinadas

Era e é a música dos dedos e da boca, o reino de tudo, a casa de meus avós, o berço em que dormira em minha primeira noite terrena, os seios de minha mãe repletos de leite, meu pai rapaz sentado à mesa fazendo sua merecida refeição

O ser e o não ser embutido numa mesma bola de gude, o papel de seda repartido em tiras, o fogo no céu das crianças que amam o céu e os pequeninos caramujos do nosso simples jardim

Venço os dias e as noites, venço o que devo vencer, eu não caibo em mim, mas caibo nos pulmões do mar, nas sacas repletas de frutas, nos portos e aeroportos, nas cavidades da luz e do intenso breu

( edu planchêz )

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